Archive for outubro 11th, 2011

11/10/2011

Caravana Movimentos Sociais para I Encontro Mundial de Blogueir@s

A Organização do Encontro Mundial de Blogueir@s está promovendo Caravanas dos Movimentos Sociais para o Encontro Mundial de Blogueir@s. Para tanto, está disponibilizando gratuitamente um ônibus (Curitiba-Foz do Iguaçu-Curitiba, 40 lugares) e alimentação durante o evento em Foz para que os militantes dos Movimentos Sociais possam participar do Encontro e trocar experiências com blogueir@s.

A hospedagem em Foz será paga pelos próprios participantes da Caravana.

A data limite para confirmarmos ou não a necessidade do ônibus para a Caravana dos Movimentos Sociais de Curitiba é dia 17 de outubro, segunda-feira próxima.

Por favor, divulguem a notícia a todos os movimentos sociais, consultem a companheirada para que possamos confirmar (ou não) a Caravana de Curitiba.

Esta integração entre os Movimentos Sociais e o Movimento de Blogueri@s é essencial para a luta contra a investida fundamentalista e falso-moralista que visa emparedar e criminalizar as lutas sociais por Democracia, Liberdade de Expressão e Autonomia dos Povos.

11/10/2011

O que é um blogueiro progressista?

Como a pergunta se repete em todos os encontros, os organizadores do 1º Encontro de Blogueiros Progressistas da Baixada Santista , entrevistaram o blogueiro e tuiteiro Arnóbio Rocha sobre o tema.

Org.: O que é blogueiro progressista?

Arnóbio: Primeiro ser blogueiro é ter compromisso de compartilhar seu conhecimento com a sociedade. É crescer individual e coletivamente aprimorando suas habilidades e aprendendo outras, não importa se você fala de Economia mundial ou do cotidiano de sua rua, se fala de literatura,artes ou de coisas prosaicas da vida. Segundo ser Progressista é ter em mente que seu blog faz parte de um novo ambiente de conhecimento, que ajuda a formar cidadão e a construir uma sociedade mais justa, plural e democrática.

Org.: Necessariamente o blogueiro progressista precisa estar ligado à corrente política de esquerda ?

Arnóbio: A vinculação partidária é um ato individual e dos mais importantes que o cidadão toma no exercício de sua cidadania, os valores éticos e políticos ele vai adquirir na sua formação intelectual, não há obrigação que seja de esquerda, mas o corte político dos blogueiros progressistas são ligados aos valores da sociedade igualitária, de inclusão e luta, que em muito coincide com da esquerda em geral, não a uma corrente específica.

Org.: O Blogueiro Progressista pode estar vinculado a Governos ?

Arnóbio: Estar vinculado a governos pode limitar o poder de crítica, mas não se o blogueiro tem independência, compromissos com os valores de uma sociedade ampla e plural não o imobiliza se participar de governos. Mas claro que sempre deverá perseverar nos objetivos de usar sua intervenção na construção de uma nova sociedade, o que nem sempre coincide com o que defende os governos.
Org.: O Blogueiro progressista é contrário a mídia tradicional?

Arnóbio: O que na verdade se discute são as novas mídias, por que elas surgem e objetivamente se contrapõem às tradicionais? Em grande medida a mídia tradicional é conservadora, restringe os espaços, não aceita visões contrárias a sua, possuindo ainda prática de manipulação ou sonegando informações vitais para um amplo debate sobre determinado fenômeno, em particular na política e sociedade. Assim, os blogueiros progressistas se propõem a ampliar as visões, debater as posições, sem ,limitar a participação da sociedade, cumpre ainda importante papel quando não aceita qualquer tipo de manipulação política ou social.

Org.: Qual a importância dos Encontros de Blogueiros Progressistas ?

Arnóbio: Nestes encontros é local ideal para ultrapassar os limites virtuais e ter um contato mais próximo com blogueiros que seguimos, que trocamos informações e compartilhamos idéias. É um ambiente rico de debate e aprimoramento da arte de blogar.

Fonte: http://blogprogbaixada.blogspot.com/2011/10/o-que-e-um-blogueiro-progressista.html

11/10/2011

Metalúrgico do ABC trabalha menos e estuda mais, diz Dieese

Wellington Damasceno, 26 anos, passou seus cinco anos de faculdade de Direito –de 2004 a 2008– dividido entre a sala de aula e o chão de fábrica. Em seu trajeto diário, percorria todo o ABC paulista. Morador de Santo André, acordava cedo para ir à faculdade em São Caetano, e à tarde seguia para a fábrica da Volkswagen em São Bernardo, onde trabalhava no turno das 15h à meia-noite como montador. “Meus colegas não acreditavam que eu conseguia fazer um horário desse. Na minha sala, a maioria dos alunos tinha o curso bancado pelos pais”, diz.

O emprego na montadora, obtido por Damasceno como aprendiz aos 16 anos, depois de cursar mecânica no Senai (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial), foi o que permitiu pagar a faculdade. “A fábrica foi a porta, a janela e as paredes para o acesso ao curso superior”, brinca Dasmaceno.

No último ano, quando a faculdade demandou mais horas de dedicação, ele teve de contar com a compreensão dos chefes para conseguir dispensas.

Damasceno faz parte da mudança apontada pela pesquisa realizada pelo Sindicato dos Metalúrgicos do ABC e a subseção do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), que mostra um aumento expressivo da escolaridade dos metalúrgicos do ABC paulista nos últimos 15 anos.

O estudo, que é o primeiro realizado desde 1994, será divulgado hoje na sede do sindicato.

Quase metade dos 120,1 mil operários nas fábricas do ABC em 1994 sequer tinha completado o ensino fundamental.

Apenas 10% tinham ingressado em um curso de ensino superior –6% concluíram. Hoje, pouco mais de 18% já ingressaram na faculdade, sendo que 13% saíram com diploma –112 operários possuem mestrado ou doutorado.

Por outro lado, a média de idade dos metalúrgicos aumentou. Quinze anos atrás, o equivalente a 70% do total de operários nas montadoras e fabricantes de autopeças e máquinas e equipamentos do ABC tinham entre 17 e 39 anos de idade.

Cerca de 37%, hoje, têm mais de 40 anos de idade, sendo que 11% têm entre 50 e 64 anos de idade, quase o dobro do patamar registrado em 1994.

Além disso, é significativa a proporção de trabalhadores com dez anos ou mais no mesmo posto de trabalho –eles totalizavam, em dezembro de 2010, 30,8% dos metalúrgicos instalados no ABC paulista.

SALÁRIOS MAIS ALTOS

Com escolaridade mais alta e idade mais avançada, os salários na região são os mais elevados entre os metalúrgicos brasileiros, segundo o Dieese. Já tendo incorporado o ganho real de 4,5% nos rendimentos obtido pelo sindicato na campanha salarial do ano passado, o salário médio dos homens, que são 85,4% do total no ABC, é de R$ 3,4 mil –a média, no país, é de R$ 1,9 mil.

Entre as mulheres, a média salarial é de R$ 2,3 mil, enquanto que a média no país é de R$ 1,4 mil. No entanto, a diferença entre os rendimentos de homens e mulheres é maior no ABC que no restante do país –31,8% e 25%, respectivamente.

“Os salários são muito mais elevados, mas isso não representa um fardo para as companhias da região”, diz Sergio Nobre, presidente do sindicato, “porque como o trabalhador tem especialização maior e está no setor há muitos anos, o ganho de produtividade que ele devolve à empresa é muito grande”.

A jornada de trabalho é menor que outras categorias. Enquanto trabalhadores no setor de serviços em Recife, por exemplo, cumprem cargas próximas a 46 horas por semana, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o equivalente a 41,6% dos metalúrgicos do ABC trabalham 43 horas ou menos por semana –55,4% do total cumpre a carga de trabalho prevista pela Constituição, de 44 horas semanais.

A comunicação entre os líderes sindicais e os metalúrgicos mudou “radicalmente” nos últimos anos, diz Nobre. De acordo com o sindicalista, o aumento da escolaridade é sentido pela direção do sindicato, que passou a ser mais pressionada pelas bases.

“Antes, imprimíamos jornais com textos simples, sempre com informação facilitada, porque era preciso explicar o básico para a turma”, afirma Nobre, “hoje, o trabalhador estuda mais, usa a internet, e se informa sozinho sobre outras categorias e outros sindicatos”.

MAIS CRÍTICOS

A maior escolarização também faz os trabalhadores mais críticos em relação ao seu ambiente de trabalho. “Minha rotina é colocar os equipamentos finais no veículo. É quase um robozinho. Muita gente aqui tem vontade de evoluir na carreira, estudar, e se não conseguir uma oportunidade interna de crescer, busca fora”, diz Damasceno.

Ele herdou a função do pai metalúrgico, que trabalhou 19 anos na mesma fábrica. O teto salarial de um montador hoje é de R$ 3,6 mil, valor alto se comparado com o que um recém formado num curso superior pode encontrar no seu primeiro emprego.

Com o rendimento de seu emprego na Volks, Damasceno já comprou seu primeiro carro zero e, no ano passado, deu entrada no financiamento de um apartamento na planta. Dois anos e meio depois de formado, com OAB em mãos, o jovem ainda não achou que vale a pena deixar a fábrica.

“A dúvida sobre mudar de carreira sempre vem, fico de olho em concursos, mas não pretendo trabalhar como advogado.” Damasceno está fazendo pós-graduação em direito trabalhista e pensa em ingressar futuramente na carreira acadêmica. “Foi a área que mais me interessou”, diz o montador que hoje faz parte da comissão de fábrica e do coletivo de juventude do sindicato.