Archive for janeiro, 2011

30/01/2011

Uma vitória do Software Livre

Comissão aprova PL que incentiva uso de software livre

Da Assessoria de Imprensa da Deputada Federal Luiza Erundina

A Comissão de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática aprovou hoje proposta que garante preferência para softwares livres na contratação de bens e serviços de informática pela União, pelos estados, pelo Distrito Federal e pelos municípios. A medida consta de substitutivo da deputada Luiza Erundina (PSB-SP) ao Projeto de Lei 2269/99, do deputado Walter Pinheiro (PT-BA), e outros seis apensados.

Pelo texto, software livre é aquele que garante a qualquer usuário, sem custos adicionais: a execução do programa para qualquer fim; a redistribuição de cópias; o estudo de seu funcionamento, permitindo a sua adaptação às necessidades do usuário, seu melhoramento e a publicação dessas melhorias; e o acesso ao código fonte.

Para a relatora, a adoção de software livre possui três objetivos: aumentar a competitividade da indústria nacional de software, oferecer condições de capacitação para trabalhadores do setor e diminuir o gasto público com o licenciamento de programas de computador. “Estima-se que o Estado, em todos os seus níveis, gaste cerca de 2 bilhões de dólares por ano com pagamento de aluguel de licenças de programas-proprietários”, afirma Erundina.

Licitações

O substitutivo altera a Lei de Licitações (Lei 8.666/93). Segundo a lei, para a contratação de bens e serviços de informática, a administração deve adotar obrigatoriamente a licitação do tipo “técnica e preço”. A proposta estabelece que, adicionalmente, a administração deverá observar a preferência a programas de computador livres e com formatos abertos de arquivos.

Conforme o texto, formato aberto de arquivo é aquele que: possibilita a comunicação entre aplicativos e plataformas; pode ser adotado sem quaisquer restrições ou pagamento de direitos; pode ser implementado de forma plena e independente por distintos fornecedores de programas de computador, em múltiplas plataformas, sem qualquer remuneração relativa à propriedade intelectual.

A contratação de programas-proprietários só ocorrerá no caso de “justificada inadequação” do software livre. Neste caso, a avaliação das propostas deverá considerar os custos totais, incluindo instalação, licenciamento, instalação e suporte.

Programa do governo

Desde 2003, o governo já promove ações para estimular o uso do software livre pela administração pública. Assim, deixou de gastar R$ 370 milhões com a compra de softwares. Levantamento realizado pelo Comitê de Implementação do Software Livre no Governo Federal em cerca de 130 órgãos da administração pública mostrou que, até maio, 56% deles já utilizavam software livre em seus servidores e 48% implementavam software livre em sistemas de informação. Os dados estão disponíveis no Portal do Software Público Brasileiro (www.softwarelivre.gov.br), mantido pelo Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão desde 2007.

Tramitação

A proposta, que tramita em caráter conclusivo, rito de tramitação pelo qual o projeto não precisa ser votado pelo Plenário, apenas pelas comissões designadas para analisá-lo. O projeto perderá esse caráter em duas situações: – se houver parecer divergente entre as comissões (rejeição por uma, aprovação por outra); – se, depois de aprovado pelas comissões, houver recurso contra esse rito assinado por 51 deputados (10% do total). Nos dois casos, o projeto precisará ser votado pelo Plenário., será apreciada ainda pelas comissões de Trabalho, Administração e Serviço Público; e de Constituição e Justiça e de Cidadania.

29/01/2011

Em encontro com blogueiros potiguares, Nicolelis fala sobre ciência, democracia, política e jornalismo

Por Alisson Almeida

O movimento dos Blogueiros Progressistas do Rio Grande do Norte recebeu, na noite desta sexta-feira (28), o neurocientista Miguel Nicolelis, professor da Universidade de Duke (EUA) e co-fundador do Instituto Internacional de Neurociência de Natal Edmond e Lilly Safra. O evento, realizado no auditório da Livraria Siciliano (Shopping Midway Mall), serviu como preparação para o 1º Encontro de Blogueiros Progressistas do RN, marcado para os dias 25, 26 e 27 de março.

O tema do bate-papo foi “Redes sociais, participação política e desenvolvimento da ciência”. Nicolelis iniciou dizendo que sua participação no evento demonstrava o poder dessas novas formas de comunicação. “Estou no Twitter há apenas 15 dias, mas já estou aqui para falar sobre redes sociais – mesmo sem saber nada sobre isso”, brincou, arrancando risos da plateia.

Em seguida, disse que o título da palestra poderia ser “Eu juro que eu sou eu”, fazendo referência ao debate travado com uma badalada blogueira potiguar, a quem teve que provar que seu recém-criado perfil no Twitter não era um fake. Nicolelis aproveitou o episódio como gancho para tratar da questão da identidade no contexto das redes sociais. Ele sustentou que o modelo de mundo que conhecemos, bem como nossa identidade, não passa de uma “simulação” do cérebro. Emendou dizendo que a “cultura do ‘eu’ é uma ilusão”. “Eu me defrontei com essa ilusão ao tentar provar que eu sou eu. Eu me engajei num debate com uma jornalista que foi uma das coisas mais fascinantes. Comecei a falar das minhas opiniões, primeiro sobre a política do RN, mas não funcionou”.

“Pare pra pensar: nós vivemos num mundo em que qualquer um pode ser eu, qualquer um pode assumir qualquer personalidade. O sucesso das redes sociais, em minha opinião de neurocientista, se deve, primeiro, a uma coisa que vou tratar no livro que será lançado no próximo mês. Daqui a algumas centenas de anos não vamos precisar disso aqui, teclado, celular… Nós vamos pensar e nos comunicar, nos amalgamar numa rede conscientemente sem a necessidade dessas coisas pouco eficientes, como os nossos dedos, os teclados… Nós já estamos observando, mesmo com os limites que temos, já vivemos os primórdios de uma sociedade onde a identidade real não faz diferença nenhuma”, discorreu.

O neurocientista destacou que as redes sociais “conseguiram fazer as identidades, às quais a gente se apegou tanto, desaparecerem”. “Você pode assumir o que você sempre quis ser, mas não podia por medo do preconceito. Nós ainda não conseguimos lidar com o fato que as pessoas são de diferentes matizes. As redes têm essa vantagem de permitir que as pessoas possam assumir [suas ideias] livremente”.

“Não existe isso de imparcialidade”

Após discorrer sobre as redes sociais e a dispersão da identidade, Nicolelis afirmou que a ideia da “imparcialidade”, tanto jornalística quanto científica, não passa de “balela”. “Como neurocientistas, estamos cansados de saber que não existe isso de imparcialidade, como pretendem os jornalistas. Não existe imparcialidade nem jornalística nem científica”.

Para comprovar sua sentença, relembrou a cobertura midiática das eleições presidenciais do ano passado, quando a imprensa tradicional, mesmo se dizendo “imparcial”, se alinhou à candidatura do candidato do PSDB/DEM, o ex-governador de São Paulo José Serra. “O que aconteceu no Brasil na eleição passada foi a demonstração da falácia de certos meios de imprensa e do partidarismo que invadiu essa opinião dita imparcial. Mas o desmentido só ocorreu nesse lugar capilarizado chamado blogosfera. A guerra da informação foi travada aí. A eleição foi ganha na trincheira da blogosfera, porque os desmentidos eram instantâneos”, comentou.

Nicolelis defendeu que a “teia” – termo que disse preferir usar para se referir às redes sociais – que está se formando no Brasil “é um fenômeno mundial de relevância fundamental”. Para ele, a blogosfera teve um papel de destaque nas eleições de 2010. “Essa teia já ganhou uma eleição do ponto de vista da informação, já derrotou o exército de uma mídia que tem opinião, mas que exerceu essa opinião sem dizer. Aí é que tá o engodo. A opinião é legítima, mas esconder que tem opinião não é”.

Miguel Nicolelis frisou que outro efeito provocado pelo surgimento dessa teia é o fato de considerar “inevitável a quebra do monopólio do conhecimento, da noticia e do fato”. “Cada um de nós pode ser o propagador de um fato, de uma interpretação do fato”.

Mesmo ressaltando sua condição de neófito, Nicolelis demonstrou entusiasmo com o potencial dessa “teia” desembocar no surgimento de um novo modelo de democracia, em que os indivíduos tenham um novo papel. “A democracia representativa é muito interessante, mas ela faliu, porque o grande objetivo dos representantes dos indivíduos do planeta é representar a si mesmo. Existe um potencial imenso de uma nova democracia, onde os indivíduos tenham um novo papel, em que possam ser agentes atuantes e definidores da nossa cidadania”.

29/01/2011

Miguel Nicolelis e os blogs sujos

Por Daniel Dantas, de Natal, RN

Entrei em casa precisamente à meia noite.  Estava extasiado.  É tocante e empolgante, para mim, ver alguém apaixonado falando.  Hoje, tive o privilégio de ouvir um dos cientistas mais importantes do planeta, Miguel Nicolelis.

Para mim, além da emoção, não posso negar que me enchi de um orgulho.  O twitter possibilitou a mim e a meus companheiros blogueiros sujos de Natal reunirmo-nos pessoalmente com um homem apaixonado.  Apaixonado e militante.  Defensor de uma revolução social.  De um modelo de nação nascido com o presidente Lula.  Que põe a cara a tapa e não se deixa vencer pelas consequências.  Que é sonhador e utópico.  Empolgante para mim, como militante, como organizador, como blogueiro sujo e como pesquisador.  Desafiador.

Para mim, de tantas coisas que ainda serão ditas do encontro desta noite, me chamaram a atenção algumas coisas que mostram o descaso do poder público com o projeto de revolução de Nicolelis.

Primeiro, ele arrancou risos da platéia lembrando que até a Science, maior revista científica do mundo, já falou do absurdo que é o não asfaltar os cinquenta metros que levam a esquina da Natal Veículos à Sede do Instituto no bairro de Neópolis, em Natal.  Ele lembrou que onde chega no mundo, “Alemanha, Suiça, as pessoas perguntam: já asfaltaram?”.  De uma criticidade cômica!

Ele destacou também que esteve com a governadora Rosalba Ciarlini há quase dez dias e lhe prometeram uma lista de prédios públicos fechados nos quais ele poderia instalar a rede de escolas que propõe.  Até agora, uma simples lista de prédios públicos não foi disponibilizada.

Mas, sem dúvida, os momentos que mais descontraíram o ambiente foram as referências à dificuldade que as pessoas tiveram de entender que Nicolelis estava no twitter e não era um fake.  A discussão de identidade, neurociência decorrente daí foi genial.  Do tipo freireana.  As referências à Thaisa Galvão, que duvidara que ele era ele por causa da forma como ele se posicionava – “cientista não se posiciona assim” – foram hilárias.

Uma pena que as despedidas foram rápidas.  Miguel é aquele tipo de pessoa encantadora, como se fosse um livro de estórias que a gente abre na infância e só consegue largar quando crescem os netos.  Como se fosse um livro escrito pela sua mãe.  Como se fosse um livro escrito por ele, para nós, nossos filhos, netos e as futuras gerações – gerações que poderão ser o que quiserem e estar onde desejarem.  A partir do mais simples sonho: de que o filho do pobre pode ser astrônomo, advogado, médico ou filósofo.  Ele pode ser o que quiser e não o que a Revolução Industrial tenta impor que seja.

Quem esteve esta noite na Siciliano e quem pode acompanhar pelo twitcam saiu de lá mais leve, mais feliz, desafiado e realizado.  Digam por aí que @MiguelNicolelis existe, não é um fake, é real

28/01/2011

Twitcam dos Blogueiros Progressistas do RN com @MiguelNicolelis

Eis o link para quem quiser acompanhar a histórica entrevista que o maior cientista brasileiro em atividade e tuiteiro Miguel Nicolelis consederá à blogosfera progressista do Rio Grande do Norte:

http://twitcam.livestream.com/3nx8o

27/01/2011

Meio ambiente para quem?

Política do governador recém-empossado Beto Richa (PSDB) para o setor de habitação é colocada à prova

Pedro Carrano e Edinubia Ghisi, do Brasil de Fato

de Curitiba (PR)

Quatro grandes ocupações em Curitiba, realizadas desde 2007, foram processos com elementos semelhantes: os trabalhadores organizam-se de modo espontâneo ou, em alguns episódios, sob convocatória dos próprios grileiros da terra, preocupados em vender o terreno, em conluio com prefeituras e cartorários. Em poucos dias, porém, a demanda reprimida por moradia faz com que o número de famílias se multiplique, e a questão ganhasse nova dimensão política e social.

Um dos coordenadores da ocupação no bairro da Caximba, que abriga 450 famílias desde o dia 29 de outubro, apresenta uma pasta com documentos de inscrição da Cohab de Curitiba. No volume, alguns comprovantes de inscrição datam de 1992. O local onde se encontra a ocupação, perto de região de afluentes do rio Iguaçu, é um descampado formado por cavas e antigas áreas de mineração. Sobre as denúncias de ocuparem uma área de “preservação permanente”, as lideranças apontam o inverso, uma vez que o local servia de local para desmanche de carros. Daniel, um dos coordenadores, enumera projetos do capital – caso do shopping center Barigui – localizados próximos a áreas de rio e nem por isso importunados pelo agente de justiça.

Não é apenas a terminologia de “invasão”, mas a política que, em primeiro lugar, coloca o assunto a ser resolvido como questão jurídica, defende Rosa Moura, do Observatório das Metrópoles. A síntese dessa criminalização, no caso da Caximba, foi a tentativa de despejo realizada logo no início da ocupação, promovida pela Guarda Municipal, sem documentos de reintegração de posse e sem atribuição, em terreno estadual. “Filmamos e eles saíram correndo, levando as nossas ferramentas embora”, comenta Beth, que mudou com os filhos de outra região da cidade para lá. Para ela, é tudo ou nada, uma vez que não há como voltar atrás depois mais de meses.

Nesses casos, a resposta das autoridades parece ser a remoção imediata. Solução existiria, garantem as lideranças. Cláudia Antonia Roberto, do Itaqui, em São José dos Pinhais, já fez de sua casa um espaço rodeado de horta familiar e vegetação nativa, o que poderia ser uma política da comunidade, caso houvesse regularização. “Não seria um problema, se eles quisessem fazer uma vila ecologicamente correta, a gente aceitaria, arrumaria mudas de árvores, se organizaria no modelo de vila agroecologica, mas eles não querem”, critica.

De acordo com dados da Cohab Curitiba, a cidade possui mais de 12 mil famílias sobre zonas de proteção ambiental. Desde 2007, a companhia realocou 1,8 mil famílias à margem de rios desde 2007.

23/01/2011

Blogueiros Progressistas recebem neurocientista Miguel Nicolelis

O Movimento de Blogueiros Progressistas do RN receberá o neurocientista brasileiro Miguel Nicolelis na próxima sexta-feira, 28 de janeiro.  Nicolelis, recém-chegado ao twitter e cientista bastante engajado em causas sociais, falará sobre o tema “Redes sociais, participação política e desenvolvimento da ciência”.  O evento, que será mediado pelo jornalista Sérgio Vilar, começará às 20 h, no auditório da livraria Siciliano

Para debater com Nicolelis, o professor José Luiz Goldfarb, da PUC-SP, também participará do evento através de videoconferência pela Internet.  Além disso, todo seminário, que terá duração de duas horas, será transmitido via twitcam, através do perfil @blogprogRN.  Os interessados em participar no local precisam se inscrever através do e-mail blogprogressistasrn@uol.com.br.  Apenas 50 pessoas poderão acompanhar o evento dentro do auditório.

Miguel Nicolelis é médico com doutorado em Ciências (Fisiologia Geral) pela Universidade de São Paulo. Atualmente é professor titular do Departamento de Neurobiologia e Co-Diretor do Centro de Neuroengenharia da Duke University (EUA), professor do Instituto Cérebro e Mente da Escola Politécnica Federal de Lausanne (Suíça) e Diretor Científico do Instituto Internacional de Neurociências de Natal Edmond e Lily Safra (IINN-ELS). Nicolelis é considerado um dos maiores pesquisadores do planeta na área de neurociências e, por diversas vezes, lembrado para o Prêmio Nobel. Ele lidera pesquisas que podem, por exemplo, representar avanços históricos no tratamentot do Mal de Parkinson.

Já o professor José Luiz Goldfarb é graduado em em Física pela USP, mestrado em Filosofia e História da Ciência (McGill University, Canadá) e doutorado em História da Ciência pela Universidade de São Paulo.  Atualmente é professor da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, vice-coordenador do Programa de Estudos Pós-Graduados em História da Ciência.  Além disso, coordena o Twitter da PUC/SP e é presidente da Cátedra de Cultura Judaica da Universidade. É também coordenador de diversos programas de incentivo à leitura, como o “São Paulo: um Estado de Leitores”, da Secretaria de Estado da Cultura de São Paulo, além de ser curador do Prêmio Jabuti da Câmara Brasileira do Livro.

O movimento dos Blogueiros Progressistas nasceu a partir da articulação do Centro de Mídia Alternativa Barão de Itararé.  O seu primeiro encontro nacional reuniu mais de 300 blogueiros, tuiteiros, ativistas e curiosos em São Paulo nos dias 20, 21 e 22 de agosto de 2010.  Os blogueiros progressistas do RN estão organizando o seu I Encontro Estadual para o período de 25 a 27 de março de 2011.

Serviço

“Redes sociais, participação política e desenvolvimento da ciência”, com prof. Miguel Nicolelis. Participação do prof. José Luiz Goldfarb e mediação do jornalista Sérgio Vilar.

Data: 28/01/2011

Local: Auditório da Livraria Siciliano (Midway Mall, em Natal/RN)

Horário: 20h

Inscrição: através do e-mail: blogprogressistasrn@uol.com.br.

Outras informações: (84) 8719 1700

22/01/2011

Ainda sobre o “acordo” dos metalúrgicos na Fiat de Turim

Por Claudia Santiago

Publicado originalmente em 20.01.11, no Porto Gente

No dia 14 de janeiro, 54% dos trabalhadores da planta da Fiat de Mirafiori votaram pela assinatura do acordo assinado entre as centrais sindicais italianas e a montadora menos a Fiom, a Federação dos Metalúrgicos. O resultado se deve ao voto maciço dos trabalhadores dos escritórios (95%) em favor da proposta da empresa. Os operários da cadeia de montagem, o coração do chão da fábrica, ao contrário, disseram não.

A greve geral contra a política de retirada dos direitos trabalhistas e de organização sindical, configurada no acordo que a Fiat enfiou goela abaixo dos trabalhadores, marcada para o dia 28 de janeiro está mantida.

A greve é extremamente difícil. Primeiramente porque não está sendo convocada pelas centrais, mas sim pela Fiom que representa o setor metalúrgico de uma das centrais, a CGIL. Clique aqui para ver agenda da CGIL para janeiro. Será difícil emplacar a greve embora outras categorias, como os químicos, os funcionários públicos, amplos setores do movimento estudantil e até o movimento contra a privatização da água já tenham declarado o seu apoio.

Outro motivo é que há muito tempo a Itália abandonou a prática de greves gerais. Para alguns, a greve geral convocada para o último mês de junho foi apenas uma greve que não aconteceu. E para completar, a esquerda italiana que se aglutinava em torno do PCI é, hoje, é tremendamente pulverizada. Essa divisão se multiplica no momento atual com o acordo assinado “na marra” e a greve convocada pelos metalúrgicos. Dentro do PD (Partido Democrático, ex- PCI), a maioria da direção acha que a Fiom deveria assinar o acordo. Entre os militantes, a situação é diferente. Na prática, é contra a greve do dia 28. Para se ter uma idéia da divisão, a Itália, país que mantém a tradição de jornais de esquerda tem três publicações originária no antigo Partido Comunista: L´Unità, Il Manifesto e Liberazione. Todos os três em árdua campanha de assinatura para sobreviver.

Nota da Fiom no dia seguinte ao plebiscito

Para secretário geral da Fiom resultado do plebiscito é extraordinário

“O plebiscito de Mirafiori obteve um resultado extraordinário e inesperado. Agradecemos a todos os trabalhadores e trabalhadoras que mesmo sob chantagem defenderam a sua dignidade e a dignidade de todos os trabalhadores italianos. “

“À luz deste resultado, seria um ato de sabedoria por parte da Fiat reabris uma verdadeira negociação porque as fábricas, para funcionarem necessitam do consenso dos trabalhadores, e é evidente que a empresa não o tem. O sindicato e os trabalhadores querem investimento, mas também continuarem a ter direitos e dignidade.”

“Se há um sindicato que, com este resultado, demonstra ser representativo, este á a Fiom. Seria necessário se perguntar como administrar as fábricas sem consenso. A Fiom não renunciará a estar presente naquela fábrica”.

Veja os outros artigos de Claudia Santiago direto da Itália:

Notícias das lutas da Itália – Parte I (29.12.10)
http://www.portogente.com.br/texto.php?cod=38113

Porto de Gênova e trabalhadores imigrantes (04.01.11)
http://www.portogente.com.br/texto.php?cod=38292

Itália, um país politizado, mas com traumas profundos (13.01.11)
http://www.portogente.com.br/texto.php?cod=39095

Fonte: www.portogente.com.br

19/01/2011

Reunião de organização do EEBP-PR, dia 24.01.2011

Segunda, 24.01.2011, 19:00h no SindJus-PR, tem reunião de organização do Encontro Estadual dos Blogueiros Progressistas no PR.

Em pauta:

– Estatuto da Associação dos Blogueiros Progressistas

– Temas do Encontro Estadual

– Calendário de Atividades Regionais preparatórias do EEBP-PR

Dia 24/01

19:00h

Sede do Sindjus-PR,
R. David Geronasso, 227 – Curitiba – PR, 82540-150.

Venha debater conosco o conteúdo do encontro estadual.

Compareça!

Veja aqui como chegar: http://migre.me/1pwC3

15/01/2011

Parana Blogs (EEBP-PR) na redes sociais

Além deste modesto Blog do Encontro Estadual dos Blogueiros Progressistas no Paraná, agora você pode ficar por dentro do que rola em relação à organização do EEBP-PR seguindo-nos no Facebook, no Twiter ou via e-mail.

Nossas Contas:

Facebook: Prblogprog Paraná

Twitter: @ParanaBlogs

e-mail: prblogprog@gmail.com

googlegroups: prblogprog@googlegroups.com

Siga-nos!

Participe de nossos debate.

Ajude a organizar o Encontro Estadual, a fortalecer a blogosfera progressista e a Democratizar as Comunicações no Paraná e no Brasil.

14/01/2011

Proposta da FIAT abre amplo debate midiático, político e ideológico na Itália

O futuro da histórica fábrica da Fiat em Mirafiori (Turim) está por um fio

Seus Trabalhadores enfrentam hoje um referendo-ultimato que provocou um amplo debate ideológico, político e midiático na Itália. Os 5.431 funcionários da divisão de carrocerias foram chamados a votar um polêmico acordo proposto pelo CEO, o ítalo-canadense Sergio Marchionne, e assinado na semana passada pela empresa e todos os sindicatos, menos o ex-comunista.

A consulta começou na noite passada e terminará hoje. A impressão geral é que o SIM vencerá, embora a FIOM, a Federação dos Metalúrgicos da poderosa CGIL, ex-comunista, mobilize os Trabalhadores para votar NÃO. O primeiro-ministro Silvio Berlusconi, se posicionou a favor da empresa dizendo ontem que, se os trabalhadores rejeitarem o acordo, “a Fiat teria bons motivos para deixar a Itália e fabricar em outros países.”

A proposta de pacto de Marchionne é, em essência, a de criação de uma empresa mista (joint venture) entre Chrysler e Fiat que levaria à fábrica de automóveis Mirafiori uma nova plataforma de veículos norteamericanos e passaria a produzir SUV com as marcas Jeep e  Alfa Romeo, mas se e somente se os Trabalhadores aceitarem uma série de condições, consideradas pela CGIL como “esclavagistas” e contrárias ao Estatuto dos Trabalhadores.

Os Trabalhadores devem renunciar às suas liberações sindicais e estar de acordo em limitar licenças médicas em casos graves (hemodiálise, hepatite, problemas circulatórios…) que necessitem de hospitalização.

Supõe-se que tal pacto levará à extinção do contrato coletivo vigente e é um documento muito detalhado que regula pausas de 10 minutos na linha de produção e estabelece meia hora para as refeições.

A empresa quer reduzir as faltas por doença a menos de 3,5%, eliminar licenças por enfermidades em datas próximas aos dias de descanso e feriados prolongados e estipular um novo sistema de turnos, três turnos de oito horas, de segunda a sábado, que revoga a legislação em vigor e podem ser alteradas, dependendo das necessidades do mercado.

O secretário-geral da CGIL, Susanna Camusso, acusa Marchionne de “insulto à Itália” com suas ameaças de fechar a fábrica e  deslocar a produção para a Sérvia, mas disse hoje que o FIOM “voltará para a fábrica aconteça o que aconteça com o referendo.” Segundo o sindicato, a Fiat esconde os detalhes de seus planos contanto com a conivência de um governo que não faz o seu trabalho e milita pela redução dos direitos.

Fonte: El País

Tradução: TIE-Brasil